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Está terminando mais uma vez a época da colheita da Aroeira, e apesar desta frutinha ter muita importância no Mercado nacional e internacional, muita gente desconhece sua utilização. Só aqui na Barra, em 2009 foram coletados mais de 20 mil quilos, a maioria vendida para a Agro Rosa, empresa exportadora localizada em São Mateus, no Espírito Santo.
A colheita movimenta cerca de 100 mil reais todo ano só aqui na Barra, comunidade responsável pela comercialização de uma média de 20 mil quilos. A Agro Rosa tem pontos de apoio para compra e armazenamento da aroeira em várias localidades, como Prado, Ponta de Areia, Barra e também em outros estados, como Rio de Janeiro e Espírito Santo. O técnico da empresa, Jailson Barbosa, conta que a empresa exporta de 800 a mil toneladas de sementes de aroeira por ano, principalmente para França, Itália e Estados Unidos. O quilo da aroeira é comprado por 2 reais dos fornecedores e depois de beneficiado chega a valer de 8 a 10 dólares no mercado internacional.
Muito valorizada pelos estrangeiros, aqui no Brasil esta semente é pouco utilizada como pimenta. Árvore nativa, a aroeira tem muitos nomes, como aroeira-vermelha, aroeira-mansa, aroeirinha, aroeira-pimenteira e pimenta-rosa, seu nome mais famoso. Uma curiosidade é que apesar de popularizada com o nome de pimenta pelos franceses, a espécie não é uma pimenta, mas da família da manga e do caju. Por isso as sementinhas não ardem, têm somente o sabor, que é muito próximo ao da pimenta-do-reino.
A coleta da aroeira é manual, principalmente, em áreas de restinga do litoral brasileiro. Na Bahia, que chega a fornecer 200 toneladas todos os anos, mais de 90% da atividade é extrativista. Uma ótima fonte de renda para jovens e pessoas desempregadas, que colhem o fruto e vendem para empresas que fazem o beneficiamento e a venda.
As melhores sementes, mais vermelhas e redondas, vão ser exportadas e utilizadas na culinária, o que sobra fica no Brasil para ser utilizada na fabricação de cosméticos e remédios. A planta fornece ainda madeira boa para moirões e lenha e sua casca é usada na medicina popular do Nordeste como cicatrizante, anti-inflamatório e analgésico.
Na conversa com os repórteres do Samburá, o técnico da empresa chamou a atenção para a questão dos atravessadores, que vêm principalmente de Alcobaça e Prado e compram a aroeira fora da época, pagam pouco e colocam no mercado um produto com baixa qualidade. Cadastrada no IBAMA , a atividade exige que várias regras sejam seguidas para manter a sustentabilidade da produção, como respeitar a alimentação dos pássaros e a brotação natural, evitando arrancar pés inteiros ou fazer cortes que prejudiquem as plantas. Afinal, o ano que vem tem mais!
Por Adriene Coelho