Farol da Ilha de Santa Bárbara, no arquipélago dos Abrolhos
A Petrobras, em resposta a uma carta do Greenpeace, afirma que não explora petróleo em um raio de 50 km em torno do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, assumindo este como o limite legal da área de proteção ambiental. De fato. Já que é assim, poderia aceitar a proposta do Greenpeace: uma moratória de exploração de gás e petróleo por 20 anos em uma zona de 93 mil quilômetros quadrados.
A carta do Greenpeace para a Petrobras e outras nove companhias petrolíferas que têm blocos de produção encostados nos Abrolhos foi enviada em 26 de julho dentro de uma campanha lançada no mesmo mês pela organização. Nela, o Greenpeace explica a necessidade de se estabelecer uma área livre da atividade petrolífera na região de Abrolhos, maior e mais exuberante banco de corais do Atlântico Sul, para muito além dos limites legais atualmente protegidos.
A resposta da estatal é surpreendente porque está em choque com a atitude de seu principal acionista, o governo federal, que lutou tenazmente para derrubar a decisão da Justiça, que determinava uma zona de exclusão de exploração petrolífera no mesmo raio de 50 km no entorno de Abrolhos. Veja aqui a íntegra da carta da Petrobras
Ou seja, a posição da Petrobras pode ser vista como um começo, porém aquém do necessário. A área de 93 mil quilômetros quadrados proposta pelo Greenpeace foi determinada por estudos científicos para evitar que acidentes de qualquer tipo contaminem a biodiversidade de Abrolhos.
A moratória afeta treze blocos de exploração de petróleo atualmente sob concessão. A Petrobras é a empresa com mais operações na região, atuando em sete blocos.
“O fato de a Petrobrás reconhecer este limite de 50 km é um passo importante, mas insuficiente para garantir a segurança da biodiversidade em Abrolhos. A ciência já comprova que a maior área de recifes de corais do Atlântico Sul precisa de mais proteção, e as empresas podem dar o primeiro passo nessa direção”, declara Leandra Gonçalves, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace. “Por outro lado, é decepcionante saber que a empresa, que patrocina projetos de preservação de baleias e tartarugas marinhas em Abrolhos, continue fechando os olhos à necessidade de se ampliar essa zona de proteção”, lamenta.
Poucas respostas
Além da Petrobras, somente a anglo-holandesa Shell e a angolana Sonangol responderam às cartas do Greenpeace Brasil. As outras sete empresas ignoraram a proposta de moratória. São elas: Vale, Perenco, OGX, Repsol Sinopec, Vipetro, Cowan e HRT.
A Shell agiu como Pôncio Pilatos. Preferiu lavar as mãos. Afirmou não ter o controle de nenhum dos três blocos em que participa como sócia e que não pode decidir pelo destino das operações. A Sonangol diz que sua concessão localiza-se em terra e que, portanto, ela não tem nada a ver com Abrolhos, que está no meio do mar. Trata-se de uma grossa bobagem, como certamente seus técnicos devem saber. Afinal, a concessão dos angolanos fica em cima bacias hidrográficas na costa baiana, cujas águas correm para o mar. Caso haja um vazamento, ele inevitavelmente seria levado pelos rios em direção ao oceano.
Todas as três empresas destacam ainda que suas atividades desenvolvem-se sob os mais rigorosos padrões internacionais de segurança operacional – não detalharam quais – e são licenciadas pelos órgãos ambientais responsáveis. Exatamente como as operações da BP (British Petroleum), que causaram o maior desastre ambiental dos EUA, no Golfo do México, ou do recente derramamento de 200 toneladas de óleo no Mar do Norte, provocado pela Shell.
Fonte: Greenpeace do Brasil
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