Apesar dos pesares, os maiores recifes do Atlântico Sul estão crescendo. Um estudo da Rede Abrolhos demonstra que, entre 2012 e 2014, cada metro quadrado ganhou 580 gramas de carbonato de cálcio por ano. A taxa é considerada, pelos autores do estudo, intermediária entre corais que já sofreram algum nível de degradação. E entre os pesares estão os efeitos do aquecimento global, que ameaçam a existência de corais em todo o mundo.
“Os
recifes são organismos vivos, sempre em crescimento e suportando uma biodiversidade
associada”, explica o biólogo Gilberto Menezes Amado-Filho, do Jardim Botânico
do Rio de Janeiro e coordenador do estudo. “Na medida em que anomalias
(provocadas pelo aquecimento global) se tornam frequentes, eles param de
crescer e morrem, diminuindo a diversidade e a biomassa na área”, completa.
É a primeira vez que
pesquisadores medem o crescimento de recifes coralinos no Atlântico Sul e os
dados vão servir de base para estudos sobre os efeitos das Mudanças Climáticas
sobre a região. Durante os estudos, foi acompanhado o crescimento de organismos
sobre placas artificiais montadas no ambiente. Os resultados foram publicados
em 27 de abril, na revista científica on-line PLOS One.
“No Norte
da Austrália, na Grande Barreira de Corais, 95% dos recifes estão sofrendo
branqueamento”, destaca o pesquisador. “É como se virassem um monte de concreto
sem capa viva, com menor diversidade e consequências para o ciclo de carbono e
ciclos biogênicos.”.
Apesar dos dados obtidos pela
Rede Abrolhos não serem tão alarmantes, a situação ainda sim é preocupante. Os
pesquisadores verificaram um incremento de tufas de algas e micro-organismos
após ondas de calor registradas no verão de 2013/2014. Esses tufos formam o
segundo grupo mais abundante nas placas de colonização e passaram a ocupar de 1
a 4% da área total das placas em 2012/2013 para 25% no verão seguinte.
“Na
medida em que a temperatura aumenta, organismos que vamos chamar de
oportunistas crescem sobre os formadores e os matam, sufocam os organismos
construtores”, explica Gilberto Amado-Filho. Os estudos demonstram também que
algas calcárias, e não corais, são os principais formadores dos recifes.
Os pesquisadores continuam a monitorar a região de
Abrolhos, com instalação de novas placas de colonização e sensores de
temperatura e qualidade da água. Apesar de parte dos recifes serem protegidas
pelo Parque Nacional e outras unidades de conservação, a ampliação das áreas de
proteção em Abrolhos, prometida pelo Ministério do Meio Ambiente há quase uma década,
ainda está parada.
FONTE: O
Eco.
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