quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

‘Zambiapunga’ pode se tornar Patrimônio Imaterial da Bahia


 Até o final do primeiro semestre de 2017 o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) finaliza o dossiê sobre a manifestação ‘Zambiapunga’, que ocorre no início de novembro no Baixo Sul baiano, em municípios como Cairu, Nilo Peçanha, Taperoá e Valença. O dossiê começou a ser elaborado no segundo semestre deste ano e fundamentará o pedido de registro especial da manifestação como Patrimônio Imaterial da Bahia. As pesquisas contaram com cooperação técnica do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul (Ides).


“A tradição é marcada pelo uso de adereços alegóricos: trajes de roupas coloridas e papéis de seda”, explica o diretor de Preservação do IPAC, Roberto Pellegrino. Nos períodos de festejo, um grupo de homens utilizam búzios gigantes e enxadas tocadas como instrumentos de percussão. “Geralmente eles se espalhavam pelas ruas durante a madrugada, acordando a população em ritmo de celebração”, conta Pellegrino.
 
O primeiro passo do IPAC foi realizar pesquisa, com visitas de campo, entrevistas, coleta de documentos, fotos e jornais antigos, dentre outros itens. “Agora elaboramos o dossiê. Uma parte já está pronta e a outra finalizamos no primeiro semestre de 2017”, afirma a antropóloga do IPAC, Adriana Cerqueira, responsável pela redação do documento. Depois, o dossiê segue para a Secretaria de Cultura e o Conselho de Cultura (CEC, www.conselhodecultura.ba.gov.br). Após aprovação, é apresentado ao governador, que faz análise final e assina decreto tornando a manifestação protegida pelo Estado da Bahia.

COMUNIDADES O 'Zambiapunga' está presente nos municípios de Nilo Peçanha, Valença, Taperoá, Cairú e nas localidades de Galeão, Caraíba e Boipeba. Para conhecer de perto, equipe multidisciplinar do órgão esteve nas comunidades de Cajaíba, Atracadouro e Bom Jardim, em Valença. Técnicos do Ides também estavam presentes, coordenados por Liliana Leite. Do IPAC participaram o diretor de Preservação, Roberto Pellegrino, a gerente de Patrimônio Imaterial, Nívea Alves, e a antropóloga Adriana Cerqueira. “Existem também os caretas inseridos no contexto do Zambiapunga. A proteção será para o conjunto dessas manifestações”, explica Adriana.

Considera-se que a palavra Zambiapunga vem de Zambiapombo, Nzambi Mpungu, Zambi e Nzambi, originárias dos povos Bantu de onde veio também a tradição do candomblé da nação angola na Bahia. Esses entes sacros seriam correlatos ao deus Olorum do candomblé Ketu, e é sincretizado no catolicismo ao Senhor do Bonfim. Os bantus são originários de Angola e Congo, na África. Se aprovada no CEC, o Zambiapunga será inscrito no Livro de Expressões Lúdicas e Artísticas da Bahia.

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