A Reserva Extrativista (Resex) de Cassurubá, no litoral sul da Bahia, se
prepara para lançar em dezembro o Projeto Cassuruçá, que vai organizar a
venda do caranguejo-uçá pela comunidade, com base nos princípios do
comércio justo e solidário (Leia mais abaixo). Um dos resultados será a
eliminação da figura do atravessador, criando mais renda para todos.
A comercialização será feita, na primeira etapa, pelos caranguejeiros
das comunidades de Tapera, Miringaba, Perobas, Rio dos Macacos, Lopes e
Ponta de Areia, todas no interior da reserva. A estrutura está sendo
montada para que os extrativistas façam a venda direta do
caranguejo-uçá, inicialmente, para bares e restaurantes de Vitória (ES).
Em agosto, representantes da reserva estiveram na capital capixaba para
avaliar as possibilidades de negócio com o comércio local. Em setembro,
foi feita a primeira venda de mil caranguejos a um restaurante. A
iniciativa deu tão certo que os caranguejeiros seguiram com entregas
semanais, já livres da relação de exploração imposta pelos
atravessadores.
Só para se ter uma ideia, o preço normalmente pago por caranguejo pelos
atravessadores que atuam em Cassurubá gira em torno de R$ 0,70 a R$ 1.
Enquanto isso, na primeira carga vendida diretamente pelos extrativistas
a restaurante de Vitória, o valor unitário chegou a R$ 3,33. Isso
porque foi apenas uma entrega amostral com caranguejos de 8 cm de
carapaça, disseram os gestores da reserva.
Estudo de mercado
Nos dias 26 e 27 de agosto, em mais uma das etapas de implantação do
Projeto Cassuruçá, representantes da Resex de Cassurubá viajaram a
Vitória para fazer estudo de viabilidade de mercado do caranguejo-uçá na
cidade capixaba.
O grupo reuniu-se com dirigentes do sindicato patronal dos bares e
restaurantes do Espírito Santo, o Sindbares, que congrega os principais
restaurantes especializados em caranguejo de Vitória, e conheceu as
associações de caranguejeiros locais.
Participaram ainda de reunião do Fórum Manguezal, espaço que congrega
diversos segmentos sociais vinculados à cadeia produtiva do mangue. No
encontro, na sede do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos do Espírito Santo (Iema), o grupo apresentou o Projeto
Cassuruçá e compartilhou informações com novos parceiros.
De volta à reserva, os participantes da viagem passaram, praticamente,
todo o mês de setembro realizando reuniões com as comunidades de
carangujeiros envolvidas no Projeto Cassuruçá. Desses encontros,
surgiram os primeiros negócos que vêm sendo feitos com restaurantes de
Vitória.
Ficou acertado, ainda, que o projeto será iniciado oficialmente em
dezembro com a participação das comunidades mais organizadas. Numa
segunda etapa, as demais comunidades deverão se juntar ao movimento, de
modo que todos tenham ganhos.
Saiba mais
O comércio justo e solidário é uma tendência de fluxo comercial
diferenciada, baseada em critérios de justiça e solidariedade nas
relações entre produtores e consumidores. Estimula o protagonismo dos
empreendimentos econômicos e solidários (EES) por meio da participação
ativa da comunidade e do reconhecimento da sua autonomia.
Tem como objetivos estimular o desenvolvimento sustentável, a justiça
social, a soberania e a segurança alimentar e nutricional; garantir os
direitos dos produtores e consumidores; fortalecer a cooperação entre
produtores, consumidores e suas respectivas organizações para aumentar a
viabilidade, reduzindo riscos e dependências econômicas; e,
principalmente, garantir a remuneração justa do trabalho, com a
eliminação dos atravessadores.
FONTE: Comunicação ICMBio.
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