Além de todas as dificuldades encontradas no dia a dia, a maioria desses homens gosta do que faz, como confirma Rildo Chaves, morador da Barra e pescador desde os 10 anos de idade: “A pescaria faz parte da cultura do povo daqui, vai passando de pai pra filho, porque a gente vai recebendo um conhecimento sobre o mar, o vento, o céu e disso a gente não tem como fugir”.
A ação predatória nos ambientes marinhos e o aumento da quantidade de embarcações têm dificultado um pouco a vida desses homens do mar, e é fácil ouvir depoimentos que contam que antes a oferta de peixes e mariscos era muito maior que hoje em dia. “Há 30 anos era fácil tirar do mar o sustento da família, hoje a dedicação tem que ser muito maior, o camarão vem pequeno, às vezes não compensa a saída”, diz Rildo.
Exatamente para evitar a escassez do camarão nos mares nordestinos é que foi criado o defeso do camarão, que é a época quando fica proibida a sua captura. Este tempo é necessário para recuperar os estoques. Quando a temporada abre os pescadores encontram camarões grandes e podem melhorar a sua renda com a venda.
Com a abertura da temporada do camarão no dia 15 de maio, no entanto, os pescadores da Barra puderam constatar dois fatores preocupantes: o primeiro foi o tamanho do camarão encontrado, ainda muito pequeno, dificultando assim sua comercialização. O segundo foi o aumento da quantidade diária de camarão capturado, que lotou depressa os estoques dos frigoríficos, que pararam temporariamente de comprar o produto. Sem ter pra quem vender os pescadores foram obrigados a ficar no porto.
Ficam algumas perguntas: Será que o período do defeso do camarão é suficiente para melhorar sua qualidade e quantidade? Ou está na hora dos especialistas e autoridades estudarem melhor este caso e propor novos mecanismos e políticas públicas para melhorar a vida do pescador e a conservação do meio ambiente?
Fotos: Arquivo ICMBio
Texto de Edvaldo e Adriene
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