segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Estudo avalia comportamento dos mergulhadores em Abrolhos

Mergulhador toca acidentalmente o coral de fogo (Millepora alcicornis). Crédito: Johnatas Alves

Você já reparou em quantas vezes toca o recife durante um mergulho? E em quantos desses toques é em algum organismo frágil, como corais, esponjas e gorgônias?

Para responder essas questões, pesquisadores da Universidade Estadual de Santa Cruz e da Macquarie University (Austrália) observaram o comportamento de 142 mergulhadores SCUBA no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Essa informação é importante para verificar os possíveis impactos do mergulho recreativo e subsidiar medidas de gestão a fim de reduzi-los, como a determinação da capacidade de suporte e zoneamento do uso. No estudo foram realizadas comparações entre três tipos de recife: franja, chapeirão e recife artificial. Também foram comparadas as características do mergulhador como gênero, experiência, uso de câmeras e side mount que é um colete com a unidade de flutuação nas costas e que foi modificado para receber os cilindros na lateral do corpo. Os resultados revelaram que a cada mergulho, o mergulhador toca em média nove vezes os animais do recife e dessas, uma causa algum dano físico aos organismos que vivem associados ao fundo como os corais, esponjas e gorgônias. A grande maioria dos contatos foi acidental, através das nadadeiras e no início do mergulho, fase em que os mergulhadores estão ajustando o equipamento e a flutuabilidade. O local que recebeu a maior média de contatos foi o recife artificial e os mergulhadores que mais tocaram os organismos foram os fotógrafos especialistas e usuários de side mount. Diferente do que se esperava, os mergulhadores mais experientes não causaram menos contatos que os novatos.  
O estudo sugere medidas para a redução do número de contatos, como a inclusão de aspectos ecológicos e fragilidade dos corais no briefing pré-mergulho com o objetivo de sensibilizar os mergulhadores a não tocar no recife, iniciar o mergulho em locais com baixa abundância de corais e incentivar os condutores de mergulho a interferirem e auxiliarem quando algum mergulhador tocar o recife.  Desta maneira, espera-se melhorar a qualidade do uso público das Unidades de Conservação, garantindo a saúde do recife e a continuidade do mergulho num local bem conservado e repleto de vida. 
Mergulhador visita o naufrágio Rosalinda. Crédito: Áthila Bertoncini
Coral cérebro (Mussismilia braziliensis). Crédito: Áthila Bertoncini

Referência:
Giglio VJ, Luiz OJ, Schiavetti A. (2015) Recreational Diver Behavior and Contacts with Benthic Organisms in the Abrolhos National Marine Park, Brazil. Environmental Management.
 

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